domingo, 12 de dezembro de 2010

RITOS DE MATURIDADE GUARANI

EKO... menstruação


A partir dos oito anos de idade a menina se abstém de mel (de açúcar e qualquer doce), já como prevenção contra futuras cólicas menstruais. No passado, conforme descrições de Montoya, no período de menstruação, a menina permanecia em redes, que eram costuradas deixando somente a parte do rosto aberta, para a respiração.
Essa reclusão evita a entrada de “coisas negativas” no corpo da menina.

Entre os antigos Guarani, as meninas não consumia
m carne até que o cabelo crescesse a ponto de cobrir-lhes as orelhas. E deviam evitar a presença dos homens e de certos animais, tais como os papagaios, sob pena de se tornarem tagarelas.


Atualmente, por ocasião da primeira menstruação, a menina tem seu cabelo cortado curto, permanece isolada em seu quarto ou em local reservado por três dias e recebe alimento da mãe. Após o terceiro dia a mãe a convida a trabalhar (carpir ou lavar roupa) junto com as outras mulheres. A partir daí, é considerada adulta.

TAMBETA e TEMBEQUA

Antigamente era feito um furo com espinho de porco-espinho no lábio inferior dos meninos, que facilitava o assobio para responder ao outro na mata. Esse ofício é chamado de TAMBETA.


Schaden informa que a perfuração do lábio inferior, entre meninos de dez anos, é parte de uma cerimônia precedida por um ano de abstenção de comidas pesadas; a alimentação preferencial, nesse período, é chicha (bebida de milho fermentado) ou mingau doce feito de milho. Segundo Chamorro, a bebida fermentada aparece na cerimônia da furação labial dos meninos com o sentido de “cozinhar os jovens para que não se tornem violentos e nervosos”.

Na idade em que o menino começa a falar grosso, entre 14-15 anos, fura-se as orelhas. Nesse furo, coloca-se o miolo de uma folha até o furo ficar bem curado, às vezes espera-se até três meses. Esse orifício é chamado de TEMBEGUA.

Quando o rapaz completa 15 anos, o pajé o conduz ao mato para que aprenda a colher o mel e o ensina a fazer com a cera do mel um pequeno lampião ou vela, que se usa nos rituais, especialmente na festa do “batismo do milho” (nimongarai), que ocorre anualmente em janeiro.

Baseado em texto de ZÉLIA MARIA BONAMIGO

2 comentários:

  1. Muito interessante. hoje ainda as meninas ficam em uma rede durante a menstruação?

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  2. Nas aldeias mais tradicionais, sim. Aquelas que estão muito ocidentalizadas, muitos dos costumes guarani já não são mais vividos.

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