sábado, 28 de novembro de 2009

OS PRIMEIROS CONSTRUTORES

Pouco se sabe sobre os primeiros colonizadores que construíram estruturas de pedra monumentais nos vales e nas terras altas da América Andina. Uma dessas primeiras estruturas foi a HUACA DE LOS IDOLOS, em Aspero, no Vale Supe, ao norte de Lima, por volta de 2750 a.C. Outros sítios contemporâneos floresceram em El Paraiso, no Vale Chillon; Rio Seco, no Vale Chancay; Bandurria, no Vale Huaca; Piedra Parada e Salinas de Chao, no Vale Chao... Evidência de radiocarbono em Aspero sugere datas tão antigas quanto 3000 a.C., antecedendo as monumentais estruturas egípcias. Essas construções implicam na organização de uma sociedade complexa, abundante em trabalho.

A antiga cidade de pedra de CHAVÍN DE HUANTA, de 900 a.C., tem cerca de 3.150 m de altura e está localizada entre os picos das montanhas "brancas", que formam a segunda cordilheira dos Andes, em direção ao interior vindo do Pacífico. Esse "vale" alto é abençoado com terras férteis e chuvas abundantes, e servido pelo rio Huachesca, que desagua no Maranõn, no Amazonas e, finalmente, no Oceano Atlântico, a leste. Tanto as montanhas negras quanto as brancas (com topo coberto de neves eternas) são voltadas para o interior, paralelas à costa, dividindo o Peru ao meio, apresentando um obstáculo formidável para a comunicação leste-oeste. O centro cerimonial também é localizado na junção de duas entre apenas dez gargantas, estrategicamente posicionado para obter vantagem do comércio andino. As duas cordilheiras se encontram novamente no interior, a sudeste de Lima, antes de mais uma vez se dividirem em três seções paralelas descendo o Peru: as cordilheiras ou serras oeste, central e leste. Mais uma vez, as três se unem no sul de Cuzcos, nas terras altas, antes de se dividirem em duas - a cordilheira oeste segue para o sul, enquanto a cordilheira real continua em direção sudeste, proporcionando uma rota pelas terras altas a Tihuanaco, na atual Bolívia.
Os chavín apareceram pouco depois de seus ancestrais das terras altas, por volta de 800 a.C. Eles desenvolveram comércio facilitado por barco, aproveitando-se dos vastos depósitos de excremento branco de pássaros, conhecido localmente como guano, que se acumularam por m ilhares de anos em muitas das ilhotas próximas à costa. O guano era usado para fertilizar as terras peruanas e como mercadoria exportada para os povos vizinhos, em troca de uma variedade de mercadorias, incluindo conchas de ostras de água quente, carnes salgadas e outros produtos alimentícios.

Não resta dúvida que havia vínculos comerciais entre as regiões costeira e das terras altas. O sala do oceano era frequentemente carregado para a terra junto com peixes e moluscos, uma valiosa fonte de iodo, eficaz na prevenção e cura de cretinismo e gota, comuns nas regiões montanhosas. O comércio funcionava nos dois sentidos, com os habitantes das regiões altas fornecendo iguarias extremamente necessárias para compensar as catástrofes provocadas pelo El Niño ao longo da costa.

Baseado no texto de Maurice Cotterell

Nenhum comentário:

Postar um comentário